Segunda, 30 de outubro de 2017
“Sinais de retomada da produção, ainda que leves, mostram que a indústria de transformação do Grande ABC começa a se estabilizar dentro de um ciclo que nos últimos dois anos só submergiu”, avalia o estudo.
Numa escala de 0 a 100, a expectativa com evolução no número de empregados subiu de 45,1 em setembro de 2016 para 52,5 em setembro último, a situação financeira (liquidez) saiu de um placar desfavorável médio de 30 para a faixa positiva de 55 e o uso da capacidade instalada aumentou 13 pontos percentuais, saindo de 54% há um ano para 67% em setembro último.
O Boletim IndústriABC, elaborado pela Universidade, é um recorte regional da pesquisa CNI-Fiesp sobre o Índice de Confiança dos Empresários Industriais (ICEI) e da Sondagem Industrial (SI) para o País e para o Estado de São Paulo. “No ABC paulista, os industriais continuam, inclusive, mais confiantes com o cenário econômico geral. De 0 a 100, o ICEI regional está em 61,5 pontos, para 56 no Brasil e 50,9 no Estado de São Paulo. Indicadores de 0 a 50 mostram pessimismo e de 50 a 100, otimismo. No 2º trimestre, o ICEI do ABC estava em 52,9, no Estado de São Paulo em 54,5 e no Brasil, em 50,6”, informa o estudo.
“Os investimentos anunciados pelo setor automobilístico, que puxa a economia local, mexeram positivamente com as expectativas, pois montadoras de veículos geram Valor Agregado. Mesmo assim, o empresariado ainda vê um cenário de dificuldades devido a fatores políticos e à incapacidade deste governo de realizar as reformas necessárias para uma efetiva retomada econômica”, comenta Sandro Maskio, coordenador do Observatório Econômico da Metodista, onde a pesquisa CNI-Fiesp é analisada regionalmente.
Também as exportações sinalizam para um cenário positivo. A perspectiva do setor industrial do ABC paulista quanto à evolução das exportações nos próximos seis meses subiu de 52,5% há um ano para 61,4% em setembro último.
Ociosidade inibe investimentos – Os investimentos anunciados pelo setor automobilístico nos últimos meses refletiram na melhora dos índices de confiança dos industriais do ABC, porém ainda não impactam no nível de emprego, pois as demissões continuam, nem na expectativa global de investimentos. Até setembro, o ABC havia perdido 2,9 mil postos formais de trabalho e a intenção de investimento por parte da indústria situou-se em 46,1 pontos, ou seja, ainda no quadrante menor que 50, de sensibilidade pessimista.
“Os investimentos não sobem porque a ociosidade ainda é alta. Ociosidade significa margem para crescer sem precisar investir”, explica Maskio, indicando que um patamar aceitável de uso da capacidade instalada é de 80%. No ABC está em 67%, em São Paulo em 68% e no Brasil 66%.
Para o professor, porém, as atividades reduziram o ritmo de queda e há um horizonte de leve retomada da indústria. Enquanto o PIB retraiu 1,1% e 2,1% nos dois primeiros trimestres de 2017, a produção da indústria de transformação aumentou 0,8% no Brasil e 1,5% em São Paulo de janeiro a agosto, conforme dados do IBGE, o que não ocorria desde 2013 para o período.
Outros indicadores que sinalizam essa melhora é que, diferentemente do ocorrido em 2015 e 2016, há em 2017 vários meses com aumento da produção na comparação com meses imediatamente anteriores. Nos últimos sete meses, a Sondagem da Indústria Nacional registrou melhora de produção em quatro. No Estado de São Paulo, houve melhora da produção em três meses e na indústria do Grande ABC, melhora em cinco dos últimos sete meses.