Para a Romi, mercado de máquinas pode surpreender

​Com o fim da crise, o mercado de máquinas tende a se recuperar... mas só em 2019. Esta é a avaliação da maioria dos analistas.

Quinta, 08 de março de 2018

Segundo esta análise, a recuperação do mercado viria em duas ondas: primeiro as indústrias iriam procurar ocupar sua capacidade ociosa e só então pensariam em adquirir novas máquinas. Luis Cassiano Rosolen, presidente da Romi, porém, revela uma visão um pouco distinta, em entrevista exclusiva ao site Usinagem-Brasil.

Para o executivo, a tendência apontada pelos analistas é real. No entanto, em sua opinião, foram tantos anos sem investir em novos equipamentos que a indústria nacional perdeu parte de sua competitividade e precisa urgentemente investir para ganhar produtividade. Assim, deve haver uma mescla entre essas duas ondas: preencher a capacidade ociosa e aumentar a competitividade.

“Acredito que 2018 pode ser mais positivo que a média do mercado está prevendo para a indústria de máquinas”, diz Rosolen. “Se em 2018 nossos clientes tiverem uma demanda estável, muitos deles passarão a ter como prioridade a modernização do parque fabril, porque foi uma crise longa... Ficaram três, quatro anos sem investir e agora está na hora de renovar o parque de máquinas”.

E acrescenta: “O Brasil está, sim, saindo da crise. Isso é perceptível nas conversas com nossos clientes, nas visitas aos nossos clientes e também olhando para nossos números e oportunidades. Com qual intensidade, só iremos saber daqui há alguns meses. Pessoalmente acredito que pode ser uma intensidade boa. Aqui na Romi temos que estar preparado para um 2018 bastante bom, ainda que seja um ano de Copa do Mundo e eleições, que podem trazer alguma volatilidade para o mercado”.

Os números do recém-divulgado balanço da empresa já mostram melhora substancial do mercado em 2017, em especial no último trimestre. No ano, a receita líquida (R$194,6 milhões) cresceu 14,6% em comparação com 2016, sendo que no último trimestre o aumento foi de 26,6% em relação ao mesmo período do ano anterior. Para Rosolen, porém, o mais importante é a solidez do balanço, com destaque para o EBITDA de 12,1% (contra um EBITDA negativo em 2016), a melhora das margens, a geração de caixa e o fato de a empresa ter praticamente zerado as dívidas. “Começamos 2017 com R$ 77 milhões de dívida líquida e encerramos o exercício com apenas R$ 1,9 milhão”, observa.

De acordo com o relatório que acompanha o balanço, os resultados foram obtidos graças aos seguintes fatores: “incremento da receita de máquinas no mercado doméstico, decorrente da melhora na economia em 2017; aumento das vendas no mercado externo reflexo da estratégia da companhia de consolidação da marca no exterior; e incremento da receita da subsidiária alemã B+W em 2017 em € 14,8 milhões, demonstrando que o faturamento tem refletido a sólida entrada e carteira de pedidos”.

Outra boa notícia é que as vendas no mercado doméstico foram bastante pulverizadas, atingindo todos os segmentos (pequenas, médias e grandes), diversos setores industriais e praticamente todos os principais polos industriais do País. Para Rosolen, esse é um dado importante, na medida em que apresenta uma perspectiva mais sólida para o mercado em 2018.

Exportação - A Romi também comemorou os resultados no mercado externo, com alta em todos os países onde atua diretamente. Hoje a empresa mantém subsidiárias na Alemanha, Itália, Espanha, França, Inglaterra, Estados Unidos e México. O destaque foi para a Argentina, que assim como os demais países latino-americanos (exceto México) são atendidos diretamente pela matriz, em Santa Bárbara D´Oeste. Em 2017, o mercado externo respondeu por 41% dos negócios da Romi (aí incluídos os resultados da B+W).

“2017 foi o nosso melhor ano de vendas no mercado externo com a marca Romi, com máquinas produzidas aqui em Santa Bárbara”, afirma Rosolen. “Nos últimos cinco anos investimos bastante no mercado externo, basicamente em Service, visando à consolidação da marca Romi, para ampliar a confiança na nossa marca, que já é bastante conhecida e reconhecida, com o objetivo de criar uma referência ainda mais forte no Exterior”.

“Não dá para ter certeza se o mercado será bom em 2018. Eu acredito que sim, mas o mais importante para nós e estarmos preparados para atender o nosso cliente em 2018, 2019...”, observa Rosolen. Para o executivo, uma oportunidade para ter uma noção melhor da temperatura do mercado será na Feimec 2018, que será realizada de 24 a 28 de abril, no São Paulo Expo, para a qual a Romi prepara algumas novidades. “A feira está com todos os espaços praticamente vendidos e deve nos mostrar com maior precisão como o mercado está reagindo e se realmente a crise ficou para trás”.


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