Romi vende sua primeira máquina híbrida

​Sem alarde, a Romi fechou a primeira negociação para a venda de uma máquina da linha Hybrid, que reúne as capacidades de usinagem e de manufatura aditiva de metais num mesmo equipamento.

Quarta, 04 de abril de 2018

A máquina - que foi apresentada pela primeira vez na Expomafe, em 2017 - foi exportada para um cliente da Inglaterra. Outras negociações estão em curso, com clientes de Singapura, Estados Unidos, Inglaterra e Brasil.

A concretização do primeiro negócio veio bem antes do imaginado pela fabricante. Quando lançou a máquina no ano passado, a Romi avaliava que o mercado (especialmente o brasileiro) precisaria de um bom período de maturação e testes antes que os primeiros negócios surgissem.

A explicação para a rapidez com que foi concluída a primeira venda está no fato de o cliente ser da Europa (onde a manufatura aditiva está mais avançada em termos mercadológicos) e em quem fechou o negócio. A venda foi concretizada pelo parceiro da Romi no projeto, a Hybrid - que é a fornecedora do sistema de manufatura aditiva que equipa a máquina.

A Hybrid - empresa que tem sede nos Estados Unidos - interessou-se pelo conjunto desenvolvido pela Romi e passou a divulgar a máquina no Exterior. Até então, a empresa não contava com um fornecedor de máquinas. A maioria dos projetos que havia realizado era com máquinas retrofitadas, em geral dos próprios institutos de pesquisa para quem vendia seus sistemas. Foi também a Hybrid que decidiu expor a máquina numa feira de tecnologia na Inglaterra, que gerou as consultas internacionais nas quais as equipes técnica e comercial da Romi vêm trabalhando nos últimos meses.

No mercado interno, a Romi tem realizado inúmeros testes para potenciais compradores. “Quando desenvolvemos a Hybrid, imaginávamos que nossos principais clientes estariam no segmento de moldes e matrizes (para a reforma e/ou consertos de moldes de injeção e estampos) e no setor de óleo e gás”, informa Douglas Pedro de Alcântara, gerente de Desenvolvimento de Produtos da Romi.

TACADA PERFEITA - A análise se mostrou correta. Tanto que o primeiro cliente (a empresa inglesa) atua na produção e na prestação de serviços de recondicionamento de moldes e matrizes. “Um dos clientes da empresa inglesa é um fabricante de tacos de golfe. A máquina está sendo utilizada, entre outros serviços, para recondicionar moldes para forjamento de detalhes e ranhuras das superfícies de tacos de golfe”, informa Alcântara.

O gerente destaca que um dos principais benefícios da Hybrid é permitir que o usuário possa depositar o material necessário num determinado ponto de uma peça ou molde e, em seguida, usiná-la, sem a necessidade de um novo set up. “Com a Hybrid, é possível alterar rapidamente um molde já existente e ter uma peça completamente nova após a alteração. Isso sem interferir na precisão, nas composições química e física ou estruturais da peça”, afirma.

Outra vantagem da Hybrid fica evidenciada no caso de peças ou produtos que precisam ter apenas uma parte ou um detalhe com maior resistência à abrasão, por exemplo. O cliente não precisa produzir a peça inteira com o material resistente à abrasão, já que isso encarece muito a produção. “Com a Hybrid, é possível adicionar o material nobre apenas onde ele é realmente necessário e usiná-lo em seguida - com um único set-up”.

Este é justamente o caso de um dos projetos em que a Romi está trabalhando. Um cliente, do setor agrícola, equipa um de seus sistemas com facas para cortar cana-de-açúcar e outros produtos agrícolas. A área de corte dessas facas é produzida com uma composição de material adicionado que contém tungstênio, que logo se desgastam ou perdem o corte. Em seu centro de tecnologia, a Romi realizou vários testes para este cliente com a adição de material nas áreas de corte em ferramentas novas e usadas/desgastadas. “As peças produzidas foram aprovadas e o cliente está fazendo um estudo de viabilidade, para decidir se compra a máquina ou se busca um parceiro para prestar este serviço”.

Outra aplicação surgida recentemente foi a de molde para recipientes de vidro, especialmente de perfumes. “Trata-se de um molde de alto custo e que pode ser recondicionado ou alterado rapidamente”, diz o gerente, acrescentando que também vê grande potencial nos segmentos aeronáutico e médico-hospitalar (próteses), embora essas duas áreas (devido às respectivas aplicações) dependam de regulamentações governamentais.

INSTITUTOS DE PESQUISA - Quatro institutos de pesquisas nacionais já se interessam em ter uma Hybrid. Atualmente, a Romi está em negociações para produzir máquinas Hybrid para projetos em parceria com institutos com os quais mantém um longo relacionamento de parceria tecnológica: o ITA, em São José dos Campos (SP) e a USP de São Carlos.

Além de ser utilizadas para a realização de pesquisas que irão gerar conhecimento nessa área incipiente, as máquinas também serão usadas para o desenvolvimento de novas aplicações. No caso da USP, em moldes e matrizes e peças de turbinas, e, no ITA, em peças complexas relacionadas à manufatura avançada.

Em seu lançamento, a Hybrid foi apresentada em conjunto com uma máquina de cinco eixos, no caso a DCM 620 5-X. Alcântara informa porém que qualquer máquina da linha de centros de usinagem da Romi pode ser equipada com a tecnologia. É o caso do D 800, centro de usinagem de três eixos, e que pode ainda ser equipado (ou não) com mesa giratória, formando quatro eixos.

Alcântara diz estar bastante satisfeito com a evolução do projeto Hybrid. “A princípio buscávamos um projeto com uma tecnologia avançada para que pudéssemos estudar o mercado. Hoje já podemos dizer que a combinação de usinagem e manufatura aditiva de metais estará presente em todas as empresas de manufatura no futuro. Ele não substitui outros processos, mas no caso de inúmeras peças faz todo o sentido que sejam produzidas desta forma”, conclui.


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